terça-feira

Renascimento

Renascimento (ou Renascença) foi um movimento cultural e simultaneamente um período da história europeia, considerado como um marco do final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Começou no século XIII na Itália e difundiu-se pela Europa no decorrer dos séculos XV e XVI.

Além de atingir a Filosofia, as Artes e as Ciências, o Renascimento fez parte de uma ampla gama de transformações culturais, sociais, econômicas, políticas e religiosas que caracterizam a transição do Feudalismo para o Capitalismo. Nesse sentido, o Renascimento pode ser entendido como um elemento de ruptura, no plano cultural, com a estrutura medieval.

O Renascimento Cultural manifestou-se primeiro na Península Itálica, tendo como principais centros as cidades de Milão, Gênova, Veneza, Florença e Roma, de onde se difundiu para todos os países da Europa Ocidental. Porém, o movimento apresentou maior expressão na Itália. Não obstante, é importante conhecer as manifestações renascentistas da Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, e menos intensamente, de Portugal e Espanha.

Espírito Renascentista

O homem vitruviano de Leonardo da Vinci sintetiza o ideário renascentista: humanista e clássico

O Renascimento está associado ao humanismo, o interesse crescente entre os académicos europeus pelos textos clássicos, em latim e em grego, dos períodos anteriores ao triunfo do Cristianismo na cultura europeia. No século XVI encontramos paralelamente ao interesse pela civilização clássica, um menosprezo pela Idade Média, associada a expressões como "barbarismo", "ignorância", "escuridão", "gótico", "noite de mil anos" ou "sombrio" (Bernard Cottret).

O seguinte extracto de Pantagruel (1532), de François Rabelais costuma ser citado para ilustrar o espírito do renascimento:

Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, Hebraico, Caldeu, Latim (...) O mundo inteiro está cheio de académicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papinianus, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. (...) Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.

Fases do Renascimento

Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, correspondentes aos séculos XIV ao XVI.

Trecento

O Trecento (em referência ao século XIV) manifesta-se predominantemente na Itália, mais especificamente na cidade de Florença, pólo político, econômico e cultural da região. Giotto, Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca estão entre seus representantes.

Características gerais:

  • rompimento com o imobilismo e a hierarquia da pintura medieval
  • valorização do individualismo e dos detalhes humanos

Quattrocento

Durante o Quattrocento (século XV) o Renascimento espalha-se pela península itálica, atingindo seu auge. Neste período atuam Masaccio, Mantegna, Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael e, no seu final, Michelangelo (que já prenuncia certos ideais anti-clássicos utilizando-se da linguagem clássica, o que caracteriza o Maneirismo, a etapa final do Renascimento), considerados os três últimos o "trio sagrado" da Renascença.

Características gerais:

  • inspiração greco-romana (paganismo e línguas clássicas),
  • racionalismo,
  • experimentalismo.

Cinquecento

O Renascimento torna-se no século XVI um movimento universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua decadência. Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra reforma instaura o Barroco como estilo oficial da Igreja Católica. Na literatura atuaram Ludovico Ariosto, Torquato Tasso e Nicolau Maquiavel. Já na pintura, continuam se destacando Rafael e Michelangelo.

Ideias dp Renascimento

Podem ser apontados como valores e ideais defendidos pelo Renascimento o Antropocentrismo, o Hedonismo, o Racionalismo, o Otimismo e o Individualismo, bem como um tratamento leigo dado a obras religiosas, uma valorização do abstrato, expresso pelo matemático, além também de algumas noções artísticas como proporção e profundidade, e, finalmente, a introdução de novas técnicas artísticas, como a pintura a óleo.

Algumas das características dos principais ideais do Renascimento podem ser vistas aqui:

Antropocentrismo

O antropocentrismo é uma concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, tudo no universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.

O termo tem duas aplicações principais. Por um lado, trata-se de um lugar comum na historiografia qualificar como antropocêntrica a cultura renascentista e moderna, em contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média. A transição da cultura medieval à moderna é freqüentemente vista como a passagem de uma perspectiva filosófica e cultural centrada em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda que esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por numerosos autores que buscaram mostrar a continuidade entre a perspectiva medieval e a renascentista.

Hedonismo

O hedonismo é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana. Surgiu na Grécia, na época pós-socrática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aristipo de Cirene. O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.

Individualismo

É um conceito político, moral e social que exprime a afirmação e liberdade do indivíduo frente a um grupo, especialmente à sociedade e ao Estado. Usualmente toma-se por base a liberdade no que concerne a propriedade privada e a limitação do poder do Estado. O individualismo em si opõe-se a toda forma de autoridade, ou controle sobre os indivíduos; e coloca-se como antítese do coletivismo. Conceituar o individualismo depende muito da noção de indivíduo, que varia ao longo da história humana, e de sociedade para sociedade.

Não se deve confundir o individualismo com o egoísmo. É compatível com o individualismo permanecer dentro de organizações, desde que o indivíduo e sua opinião seja preponderante.

Embora, na prática, geralmente exista uma relação inversa entre individualismo e o tamanho de um Estado ou organização.

Otimismo

Otimismo se caracteriza por ser uma forma de pensamento. É sinônimo de pensamento positivo, ou seja, uma pessoa otimista é uma pessoa que vê as coisas pelo lado bom. O otimismo é a posição contrária a do pessimismo.

No Renascimento ele significa poder fazer tudo sem nenhuma restrição e abertura ao novo.

Racionalismo

O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio que é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a idéia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo.

Artes

A obra renascentista tem, em geral, mais movimento que as figuras medievais anteriores.

Pintura do Renascimento

A definição de Pintura renascentista surge em Itália durante o século XV inserida, de um modo geral, no Renascimento. Esta pintura funda um espírito novo, forjado de ideais novos e em novas forças criadoras. Desenvolve-se nas cidades italianas de Roma,Nápoles, Mântua, Ferrara, Urbino e, sobretudo, em Florença e Veneza (principais centros que possuíam, entre os séculos XV e XVI, condições económicas, políticas, sociais e culturais propícias ao desenvolvimento das artes como a pintura).

Não se pode dizer, no entanto, que seja um estilo na verdadeira acepção do termo, mas antes uma arte variada definida pelas individualidades que lhe transmitiram características estilísticas, técnicas e estéticas distintas.

As raízes baseiam-se na Antiguidade Clássica (tomadas a partir da cultura e mitologia grega e romana, e dos vestígios quer arquitectónicos quer escultóricos existentes na península itálica) e na Idade Média (captadas em sentido evolutivo e sobretudo da obra de Giotto que teve na sua arte do século XIII, o pronúncio dos princípios orientadores da pintura do Renascimento).

Príncipios Orientadores

Esses princípios orientadores são:

  • a conquista de um espaço cénico, agora suportado por princípios matemáticos e pela perspectiva linear científica;
  • a representação realista da Natureza, animais e especialmente do Homem.

Elementos

Elementos Técnicos

Nos elementos técnicos pode-se incluir:

  • perspectiva rigorosa e científica, que permite um tratamento real do espaço e da luz;
  • pintura a óleo, que apareceu em Itália em meados do século XV, devido às trocas comerciais a partir de Veneza com a Flandres. Substituíu-se, gradualmente, as técnicas da têmpera e do fresco para a pintura a óleo que ao possuir maior tempo de secagem, permitiu a elaboração de modelados e velaturas;
  • a utilização de novos pigmentos aglutinantes (como o óleo) que possibilitava novas associações e graduações da cor;
  • novos suportes como a tela e o cavalete que facilitaram a difusão das correntes estéticas uma vez que permitiram uma circulação mais fácil das obras.

Elementos formais

Nos elementos formais inclui-se:

Elementos estéticos

Nos elementos estéticos inclui-se:

  • equilíbrio e a harmonia dados pelo rigor científico. Era comum as figuras serem representadas segundo esquemas geométricos, como o esquema em pirâmide, de forma a transmitirem uma maior harmonia;
  • realismo representação da realidade tal como a observam, valorização da personalidade retratada.

Chama-se de Arquitetura do Renascimento ou renascentista àquela que foi produzida durante o período do Renascimento europeu, ou seja, basicamente, durante os séculos XIV, XV e XVI. Caracteriza-se por ser um momento de ruptura na História da Arquitetura em diversas esferas: nos meios de produção da arquitetura; na linguagem arquitetônica adotada e na sua teorização. Esta ruptura, que se manifesta a partir do Renascimento, caracteriza-se por uma nova atitude dos arquitectos em relação à sua arte, passando a assumirem-se cada vez mais como profissionais independentes, portadores de um estilo pessoal. Inspiram-se, contudo, na sua interpretação da Antiguidade Clássica e em sua vertente arquitetônica, considerados como os modelos perfeitos das Artes e da própria vida.

É também um momento em que as artes manifestam um projeto de síntese e interdisciplinaridade bastante impactante, em que as Belas Artes não são consideradas como elementos independentes, subordinando-se à arquitetura.

Periodização

A história da arquitetura do Renascimento, como um todo, costuma ser dividida em três grandes períodos:

  1. Século XIV e início do XV. Neste primeiro momento destaca-se a figura de Filippo Brunelleschi e uma arquitetura que se pretende classicista, mas ainda sem o referencial teórico e, principalmente, a canonização, que caracterizará o período seguinte.
  2. Século XV e início do XVI. Considerado o período da Alta Renascença, no qual atuam arquitetos como Donnato Bramante e Leon Battista Alberti.
  3. Século XVI. Neste momento, as características individuais dos arquitectos já começam a sobrepor-se às da canonização clássica, o que irá levar ao chamado Maneirismo. Atuam arquitectos como Michelangelo, Andrea Palladio e Giulio Romano.

Características gerais

A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio é uma obra exemplar da relação do Renascimento com o Humanismo e o Classicismo

A arquitetura do Renascimento está bastante comprometida com uma visão-de-mundo assente em dois pilares essenciais: o Classicismo e o Humanismo. Além disso, vale lembrar que, ainda que ela surja não totalmente desvinculada dos valores e hábitos medievais, os conceitos que estão por trás desta arquitetura são os de uma efetiva e consciente ruptura com a produção artística da Idade Média (em especial com o estilo gótico).

Através do Classicismo, os homens do Renascimento encaravam o mundo greco-romano como um modelo para a sua sociedade contemporânea, buscando aplicar na realidade material cotidiana aquilo que consideravam pertencer ao mundo das idéias. Neste sentido, a arquitectura passou, cada vez mais, a tentar concretizar conceitos clássicos como a Beleza, acreditando que a canonização e o ordenamento estabelecido pelos arquitectos da Antiguidade Clássica constituíam o caminho correto a ser seguido a fim de alcançar este mundo ideal. Sabendo que os valores clássicos, do ponto de vista do Cristianismo, dominante no período (e lembrando que o Renascimento surge na Itália, região da Europa onde a influência do Vaticano é a mais visível), eram considerados pagãos e objetos de pecado, o Renascimento também se caracterizou pela integração do projeto de mundo cristão com a visão de mundo clássica. A Natureza era vista como a criação máxima de Deus, o elemento mais próximo da perfeição (atingindo, portanto, o ideal de Perfeição procurado pela estética Clássica). Assim, a busca de inspiração nas formas da Natureza, tal qual propõe o Clássico, não só se justifica como passa a ser um valor em si mesmo.

Sendo a Natureza uma criação perfeita, também o Homem volta a ser visto como ser perfeito: ele tanto se manifesta como o ser que é a semelhança de Deus na Terra, como volta a se considerar como medida e referência do Universo. É neste sentido que vai se manifestar de forma bastante impactante (e talvez, com importância ainda maior que a do Classicismo) o atributo humanista do Renascimento. O Humanismo manifestar-se-á como um profundo sentimento comprometido com a valorização da presença do Homem no Universo, na medida em que este indivíduo humano afirma-se perante a Natureza e deixa de apenas observá-la para entendê-la, procurando alterá-la e buscando aquilo que ele considera como o Conhecimento do mundo (mais do que simplesmente o "conhecimento" da coisas).

A importância da perspectiva

O espaço perspéctico

Um dado importante na definição da espacialidade do Renascimento é a incorporação da perspectiva como instrumento de projeto e da noção do desenho como uma forma de conhecimento.

A principal ruptura com o espaço medieval se dá a partir do momento em que os arquitetos do Renascimento passam a designar nos seus edifícios um ritmo de percurso em que as regras de desenho do espaço são facilmente assimiladas pelos usuários e estes, a partir de uma análise objetiva do espaço, ainda que em um certo sentido empírica, têm condições de dominá-lo e impor o seu ritmo. O domínio da linguagem clássica, usada para se chegar a estes efeitos de percurso, só se torna possível quando simulado através do projeto pela perspectiva. Como resultado, tem-se um espaço perspéctico, integralmente apreendido pelo observador e cujas relações proporcionais se mostram de forma analítica e objetiva.

Estas novas relações espaciais mostram-se especialmente evidentes quando comparadas com o espaço presente nas catedrais góticas. Nestas, a intenção arquitetônica é a de que o observador, desde o momento em que entra no edifício, seja dominado pelo seu espaço e instantaneamente deseje olhar para cima, procurando um movimento ascendente em busca do Senhor. Em outras palavras, toda a monumentalidade daquele espaço tem a função, entre outras, de possuir o indivíduo e determinar seus desejos, o ritmo de seu passo e a forma como ele usufrui do edifício. No espaço renascentista a intenção é justamente a oposta: não mais o edifício domina o indivíduo, mas este apreende suas relações espaciais e domina o edifício. Em outras palavras, busca-se neste momento aquela que seria chamada de medida do homem.

A tratadística renascentistaInspiração vitruviana

Leonardo da Vinci foi um dos artistas inspirados em Vitrúvio. Este desenho (o Homem vitruviano) é a interpretação de da Vinci para as regras proporcionais definidas por Vitrúvio em seus Dez livros da arquitetura

A recuperação do ideário da arquitetura clássica, inserida na cultura do Renascimento, deveria necessariamente transcender a mera observação da realidade. Ou seja, não se desejava que a arquitetura produzida pelos arquitetos do Renascimento, humanistas que em geral procuravam manter uma imagem erudita e literata, fosse mera reprodução das ruínas greco-romanas. Os arquitetos estavam em busca de um modelo ideal para suas obras, em detrimento dos modelos existentes. Estes modelos precisavam, necessariamente, ser sistematizados e canonizados em uma forma teórica, o que daria origem aos tratados da arquitetura clássica.

Ainda que os primeiros arquitetos do período tenham se inspirado predominantemente nas ruínas greco-romanas, à medida que o Renascimento evoluía, uma série de indivíduos passaram a, sistematicamente, propor (ou recuperar) os cânones e o ordenamento do Classicismo, chegando, eventualmente, até a redigir tratados com conteúdos efetivamente anti-clássicos.

Ainda que a inspiração nas paisagens clássicas em ruínas, na definição do Renascimento, tenha sido bastante importante, a preservação dos "Dez livros da arquitetura" do tratadista romano Marco Vitrúvio Polião, do século I a.C., teve um papel fundamental na difusão das idéias de cânone e ordem. Este foi o único tratado do período clássico que sobreviveu à queda de Roma e à Idade Média, tendo sido copiado e mantido, de forma fragmentada e por vezes precária, em bibliotecas localizadas em mosteiros. Porém, à medida que os volumes eram copiados e traduzidos, os desenhos e esboços que faziam parte dos tratados originais foram se perdendo, de forma que o conteúdo do tratado tendia a se tornar mais confuso e, por vezes, contraditório. Por este motivo, grande parte do esforço tratadístico renascentista será o de recuperar este conteúdo perdido, chegando a propor novos padrões que de forma alguma existiam no tratado original.

O tratado vitruviano, portanto, tanto pela sua "incompletude" naquele momento quanto pelo fato de ser o único grande referencial teórico da arquitetura clássica existente, servirá de base para todos os principais estudos realizados durante o Renascimento. Por exemplo, um trabalho nitidamente derivado do vitruviano são os dez livros de Alberti (um tratado conhecido como De re aedificatoria).

História da Arquitetura Renascentista

É comum atribuir o momento de gênese da arquitetura do Renascimento à construção da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore em Florença, por Brunelleschi. Tal episódio não representa apenas uma mera mudança no perfil estilístico que predominava no cenário arquitetônico florentino, mas demonstra claramente a ruptura que o Renascimento viria a representar na própria forma de produzir a arquitetura, abrindo caminho para não só a redescoberta do Classicismo, como para a promoção da tratadística e para uma teorização inédita sobre o tema. São muitos os estudiosos a afirmar que o que Brunelleschi constrói, de fato, não é uma cúpula, mas um novo tipo de arquiteto: altera as regras da construção civil, iniciando um processo que, gradativamente, separa o projetista do construtor.

O fato da importância de Brunelleschi manifestar-se de forma mais importante no campo do fazer arquitetônico que no do estilo torna-se mais clara quando, observando-se o conjunto de sua obra, percebe-se que ele, mesmo que desejasse seguir a canonização clássica, produzia ainda uma arquitetura não completamente comprometida com as regras clássicas, fato decorrente principalmente de não ter conhecimento profundo das normas clássicas, que conhecia mais pela experiência que pela prática. Entretanto, é ele quem inicia uma tradição de arquitetos que não mais está ligada às corporações de ofícios e cujos profissionais irão cada vez mais (mesmo que, efetivamente, pouco durante o Renascimento) afirmar-se como intelectuais afastados da construção propriamente dita. Alguns[1] críticos que analisam esse fenômeno sob a óptica marxista identificam, aí, o momento em que a futura burguesia toma das classes populares o domínio dos meios de produção (que deixa de ser o poder de "construir" e passa a ser o poder de "desenhar"), possibilitando um processo de exploração do Proletariado pelo Capital que tornar-se-á evidente após a Revolução Industrial.

A cúpula da Santa Maria del Fiore

Em destaque, a cúpula da Santa Maria del Fiore.

Domínio da linguagem clássica

Típica igreja de planta central, tipologia disseminada no Renascimento


O Tempietto ("pequeno templo") de Bramante, igreja de planta central paradigmática do Renascimento


Arquitetura de uma villa renascentista

A superação do classicismo


Típica arquitetura paladiana

Maneirismo

O maneirismo foi o movimento artístico ocorrido no Cinquecento (e cuja formalização se deu especialmente nas décadas de 1510 e 1520) que evidenciou o desejo, por parte dos arquitetos, humanistas e artistas do período, de uma arte que, ainda que, em essência, se utilizasse dos elementos clássicos, possuísse um conteúdo bastante anti-clássico. Os dois principais expoentes do período são Michelangelo e Giullio Romanno. Em suas obras, são constantes as referências e citações aos elementos e princípios compositivos clássicos, mas sempre de forma desconstrúida e quase irônica. Voltam-se para o interior padrões decorativos de janelas que deveriam estar colocadas em ambientes externos, criam-se ambientes cênicos em espaços internos que remetem a situações de exterior, brinca-se com os efeitos de ilusão óptica proporcionados pela perspectiva, através de jogos dimensionais inusitados, etc.

Difusão da arquitetura renascentista na Europa



A Queen's House (1616), em Londres é exemplar da difusão tardia da arquitetura renascentista nos demais países europeus

O Renascimento caracterizou-se como um movimento praticamente restrito ao universo cultural italiano durante seus dois primeiros séculos de evolução (entre os séculos XIV e XVI, aproximadamente), período durante o qual, no restante da Europa, sobreviviam estilos arquitetônicos, em geral, ligados ao gótico ou ao tardo-românico. No seu auge, na Itália, porém, a estética clássica começou a ser difundida em diversos países europeus devido a motivos diversos (como guerras, anexações de territórios, pelo fato de os artistas italianos viajarem pela Europa ou serem contratados por cortes diversas).

Como as formas de difusão diferem de país para país, ainda que a arquitetura produzida por aqueles países neste momento seja efetivamente renascentista, existe um Renascimento diferente para cada região da Europa (pelo menos do ponto de vista arquitetônico). Será possível falar em um Renascimento francês, um Renascimento espanhol e um Renascimento flamenco, por exemplo.

Em Portugal, as formas clássicas difundir-se-ão apenas durante um breve período, sendo logo substituídas pela arquitetura manuelina, uma espécie de releitura dos estilos medievais e considerada por alguns como o efetivo representante do Renascimento neste país, ainda que prossiga uma estética distante do classicismo (insere-se, de fato, no Estilo gótico tardio).

Os tratados e a posição social do arquiteto

A busca do ordenamento clássico na tratadística do período. A imagem faz parte do tratado de Vignola (As regras das cinco ordens da Arquitetura).

A busca do ordenamento clássico na tratadística do período. A imagem faz parte do tratado de Vignola (As regras das cinco ordens da Arquitetura).

Além da sempre presente inspiração vitruviana, um elemento que veio a caracterizar os principais tratados renascentistas, especialmente aqueles que foram propostos nos primeiros momentos do Renascimento, é o fato de seus autores procurarem, muitas vezes com uma preocupação maior que com a investigação da arquitetura de fato, posicionarem o arquiteto como uma figura tipicamente pertencente à elite e fundamental na definição da estrutura política de uma determinada sociedade. Tal determinação quanto à profissão não é, claramente, um mero acaso ou "corporativismo" daqueles tratadistas, mas um fenômeno que está absolutamente ligado às mudanças sociais que o artista e o artesão têm sofrido (ver as próximas seções para uma análise mais profunda desta situação). Neste sentido, os tratados efetivamente servem como meios de propaganda deste novo profissional que estava surgindo, em oposição à visão tradicional (associando inexoravelmente o arquiteto às atividades manuais, e portanto, populares e anti-intelectuais). A constatação da ocorrência desta promoção dos arquitetos como artistas nobres e intelectuais, diversos dos "meros artesãos de origem popular" também se evidencia quando se verifica para quem os tratados eram escritos: em geral, eram dedicados à nobreza (ou a algum nobre em específico), possuíam um estilo refinado e abordavam questões diretamente que supostamente seriam de interesse político dos príncipes que compunham a estrutura política italiana.

Apesar da arquitetura romana também ter se preocupado com tal questão (e o tratado vitruviano ressalta este dado, visto que ele próprio é uma carta dirigida ao Imperador), a manifestação deste desejo de afirmação social por parte dos arquitetos renascentistas é um elemento de destaque no período quando se compara com a forma de produção artística medieval, já citada como sendo caracterizada pela criação coletiva (e anônima, por excelência), dominada pela cultura do saber fazer. Os tratados formalizam o desejo do homem renascentista de manifestar-se como indivíduo perante o Mundo e ajudam na contextualização da arquitetura como disciplina acadêmica.

Literatura do Renascimento

A literatura do Renascimento deu destaque à personalidade individual. Novas formas, como os ensaios e as biografias, tornaram-se importantes. A maior parte da literatura medieval fora escrita em Latim. Os escritores do Renascimento começaram a adotar línguas vernáculas, como o francês e o Italiano.

Conclusão

Com este trabalho, ficou-se a perceber melhor sobre a época Renascetista.
Ficámos também a saber mais sobre a pintura e arquitectura Renascentista.

Fim

segunda-feira

A Arquitectura Grega


Introdução

Vamos recuar até ao tempo onde uma civilização que encarou a arte de um modo muito importante.

Iremos verificar através de várias obras de arte que nos são apresentadas e que provocam uma grande sensação, pois estas foram criadas seguindo determinadas regras que permitiram tornar uma civilização, uma das mais consagradas civilizações clássicas.

As artes plásticas gregas tornaram-se reconhecidas pelo enorme carácter daqueles que as criaram e através delas se evidenciaram as qualidades do povo que as inaugurou. Este povo baseou-se na clareza, no nacionalismo, no sentido de harmonia e na proporção.

A Antiguidade Clássica Grega identificava-se em três períodos: o Período Arcaico (pré-arcaico e arcaico), onde sobressai o esforço pelo compreensível; o Período Clássico (clássico severo e clássico de ouro), na qual existia o sentido de superação da matéria; e finalmente o Período Helenístico, que se caracterizava pelo poder da observação, do gosto pelo concreto, pelo individual e pelo singular.

A Arquitectura Grega

"A Arquitectura era para os gregos a ciência do número, do ritmo e da harmonia."

A Arquitectura grega foi um dos aspectos mais importantes da civilização grega, devido aos seus magníficos monumentos arquitectónicos provocarem grande admiração perante os olhos daqueles que os observaram, e mostrarem o grande controlo que os gregos tinham sobre si mesmos, revelados nas suas obras através da perfeição, do equilíbrio e da harmonia.


Quadro Cronológico


  • Período pré-arcaico: 1200 a 700 a.C.
  • Período Arcaico: 700 a 480 a.C.
  • Período Clássico Severo: 480 a 450 a.C.
  • Período Clássico de Ouro: 450 a 323 a.C.
  • Período Helenístico: 323 à Época Cristã.

Evolução da Arquitectura

A arquitectura, ao longo dos tempos foi sofrendo uma grande evolução.

No período pré-arcaico a arquitectura designa-se como iniciante, devido ao facto das construções serem realizadas a madeira e adobe, e mostrarem-se com uma estrutura muito simples.

No período Arcaico as construções cumeçaram a ser feitas em pedra, foi então que se cumeçou a notar uma pequena evolução nos materiais e técnicas.

No período clássico a arquitectura inclinou-se para a comunidade e revelou-se uma verdadeira ciência na construção de templos e outros monumentos arquitectónicos. Realizou-se a construção da obra mais conhecida do tempo da Antiguidade Clássica, o Parténon e, também, da Acrópole de Atenas, outra das obras consagradas como os colossos da arte grega.

Foi quando finalmente, no período helenístico identificou-se uma passagem da ordem dórica para a coríntia e as grandes estátuas revelaram-se como enormes empreendimentos arquitectónicos.

A Arquitectura Religiosa

A Arquitectura religiosa Grega, apesar de adquirir essa designação, ao contrário da arte egípcia não está dependente da religião. Não edifica túmulos, templos e santuários com finalidade religiosa e divina. Pois, o cidadão com responsabilidades pessoais, procura a explicação das questões e dos factos, segundo e de acordo com a razão.

A Evolução dos Templos

Os templos existentes na civilização grega possuem um papel de extrema importância, dado serem eles que permitem a existência de uma ligação entre a sociedade e a religião.

Primeiramente surgiu o mégaron pré-helénico, constituído, unicamente por uma cela e casa com vestíbulo; de seguida, o mégaron ln Antis, no qual as paredes avançam até à linha das colunas; posteriormente temos o templo Próstilo, o templo Anfipróstilo, onde verificamos a existência de colunas na parte frontal e traseira do templo; temos ainda o templo Períptero Hexastilo, constituído por seis colunas na parte da frente laterais e de trás do templo, e, por fim, o templo Períptero Octastilo, no qual existem oito colunas (no lugar das seis colunas do templo anterior).

A constituição dos Templos

Relativamente à constituição dos templos gregos, podemos dividir em duas partes, a parte interior e a exterior.

A parte interior do templo era constituída por pronaus ou seja, um pórtico sustentado por colunas; seguido da cela ou naus onde se encontrava situada a estátua divina, e, finalmente, a existência de um pórtico posterior, designado de ophistodomos. Todos estes locais eram envoltos por uma colunata, denominada perestilo.

A parte exterior do templo era constituída por uma base ou envasamento, designada por uma plataforma num nível superior, à qual era atribuída a função de nivelamento do terreno; seguida de uma vasta superfície de colunas, denominadas como elementos de suporte que se apresentavam com a forma monolítica ou eram constituídas por segmentos ou tambores. Num templo tinham o papel de limitação do perestilo e sustentação do tecto; e, por fim, o entablamento, ou seja, o elemento de remate que era sustentado (formado pela arquitrave), pelo frontão e tecto, de duas águas e coberto por telhas de barro.

As Ordens

A Ordem Dórica

A ordem dórica, a mais antiga das existentes na arte grega, apresenta: formas geométricas, regras rígidas, uma elegância formal e um equilíbrio de proporções.

Relativamente às colunas que a constituem: mostram grandes diâmetros; são compostas por arestas vivas; não possuem qualquer tipo de base, assentando directamente no estilóbato; têm um capitel de ordem muito simples, constituído por uma gola e um coxim; contém um friso dividido em métopas, normalmente esculpidas, e triglifos. Dado não conterem qualquer tipo de decoração, com excepção da encontrada nas métopas, à coluna da ordem dórica assemelha-se a definição de masculinidade, visto possuir uma imagem robusta e maciça.

Como exemplo de monumentos característicos desta ordem temos: o tempo de Poseidon.

A Ordem Jónica

A ordem jónica percorreu uma lenta evolução desde a sua criação (séc. VI a.C.) até à sua constituição final no período clássico.

A ordem jónica é caracterizada pela existência de: uma base seguida ou não de um plinto ; tem igualmente um fuste delgado, na generalidade feito por uma só pedra, que possui mais caneluras, do que as existentes na ordem dórica; estas apresentam-se mais profundas e semicirculares, não possuem quaisquer arestas vivas e a sua ênfase mostra-se pouco notória; do mesmo modo apresenta um capitel muito característico com faces iguais duas a duas (normalmente são quatro volutas ou espirais unidas por linhas curvas); apresenta ainda uma arquitrave composta por três faixas progressivamente salientes e um friso contínuo e decorado.

O estilo jónico revela uma ligação entre o interior e o exterior do templo e entre as paredes e os suportes; nota-se igualmente a existência de colunas esbeltas, decorativas, conectadas com o símbolo feminino e apresentando-se menos rigorosas.

Temos como exemplos de templos estritamente ligados com a ordem jónica: o Templo de Atena Níké, o Tesouro de Delfos e o Parténon.

A junção da ordem dórica e da ordem jónica originou o que designamos por propileus, ou seja, a entrada monumental dos antigos edifícios gregos.

A Ordem Coríntia

A ordem coríntia nasceu através do "enriquecimento decorativo" da ordem jónica.

A ordem coríntia tem como características: a existência de uma base mais trabalhada do que as anteriores; de um fuste mais delgado do que o existente na ordem jónica; de um capitel representado na forma de sino invertido, constituído por duas filas de folhas de acanto que se encontram ainda muito estilizadas, com as pontas recurvadas para fora, encimadas por quatro pequenas volutas nos cantos; finalmente, a existência de um entablamento e de um frontão, os quais eram carregados de relíquias decorativas e precisão nos detalhes, de modo a simbolizar a ambição, a riqueza e o poder.

Os monumentos que adoptaram esta ordem foram: o Monumento Corégico de Lisícrates e o Templo de Zeus.

A Ordem Cariátide


Ligada à ordem jónica temos o surgimento de uma nova ordem, a ordem cariátide, que, inicialmente foi pouco utilizada.

Para desempenhar o papel de colunas nos templos que adoptaram esta ordem temos as esculturas de mármore das jovens de Cária (jovens que foram reduzidas à escravidão, dado o seu povo ter realizado um pacto com os Persas).

Como exemplo deste caso temos a existência do Templo de Erectéion, que simboliza a representação da graciosidade e da serenidade.

Os Santuários e os Túmulos

Os santuários apresentavam-se como locais de peregrinação e restabelecimento do corpo e da alma.
Estavam situados em síti
os privilegiados da cidade, geralmente em terrenos próprios para esse fim.

Mostravam-se de uma grande complexidade.

Os santuários eram constituídos por: colunas da ordem jónica, lojas, hemiciclos, tesouros, ginásios, teatros, estádios e oráculos; e, por umas estruturas que lhe serviam de apoio, designadas de tholos, que normalmente apresentavam a forma circular.

Os túmulos tinham a principal função de servir de base à religião. Eram considerados locais de homenagem espiritual.

Eram constituídos por: um envasamento quadrangular; uma sala circular e, por vezes, tinham um elemento auxiliar - uma pirâmide de degraus.

Conclusão

Com este trabalho ficou-se a conhecer melhor a arquitectura Grega.

Percebeu-se melhor a evolução da arquitectura ao longo dos períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, falando sobre as suas principais características.

Aprofundou-se um pouco as Ordens – dórica, jónica, cariátide e coríntia.

Falou-se também das características dos Santuários e Túmulos.